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Nossos Grupos de trabalho

GT 1“Antropologia da adicção: dependência química como categoria e suas terapêuticas”. Coordenadores Rosa Virgínia Melo (DAN/UnB); Nívio Caixeta (UNODC) e Janaína Capistrano (UFTO). Contato: rosavmelo@gmail.com 

A proposta do GT objetiva reunir pesquisas em torno da reflexão dos sentidos sociológicos, culturais e históricos da adicção química, cujo termo técnico contemporâneo é dependência química, percebida como doença crônica. Acolhemos trabalhos que, além disso, analisem critérios de falta de controle, os efeitos de verdade do diagnóstico, controvérsias e disputas leigas e profissionais sobre a natureza da dependência de álcool e outras drogas e as ações de cuidado nesse contexto. O debate visa integrar ao campo de tratamento os saberes médicos, psicológicos, religiosos e leigos, tendo em vista a problematização dos valores e práticas implicadas nas percepções de saúde, indivíduo e sociedade, noções de direitos e níveis de autonomia e heteronomia elaborados nas diversas terapias concernentes às condutas socialmente rejeitadas. Procuramos também interrogar a presença/ausência dos sujeitos da nomeada doença no cenário público. O escopo da discussão inclui relatos etnográficos e teóricos em quatro eixos temáticos: 1) práticas de uso e critérios de inclusão na categoria de dependência e estratégias  de uso e controle; 2) redes de cuidados formais e informais que envolvem usuários, bem como os familiares e agentes das diversas terapêuticas envolvidas na nomeada doença; 3) sentidos das ações de aceitação e rejeição de estratégias terapêuticas; 4) agenciamentos e experiências de  políticas públicas em território nacional. Uma antropologia da adicção, entre outros aspectos, propõe a análise da nosologia da dependência química e suas afinidades com a temática da regulação moral em suas variadas concepções. 

 

GT 2“Metodologias participativas em Antropologia e Saúde Coletiva: diálogos necessários”. Coordenadoras: Ana Gretel Echazú Böschemeier (PPGSCOL/UFRN); Elizabethe Cristina Fagundes de Souza (Departamento de Saúde Coletiva, UFRN). Contato: gretigre@gmail.com  

Propomos esse GT a partir de nossa prática acadêmica interdisciplinar e com intuito de produzir pontes de entendimento entre as noções de "cartografia" e "etnografia", ambas metodologias participativas de produção de conhecimentos e práticas em saúde vindas das linhagens conceituais da Saúde Coletiva e da Antropologia, respectivamente. Temos observado que, se bem as cartografias e as etnografias caminham muitas vezes de forma paralela, elas bebem de fontes semelhantes. A Saúde Coletiva tem se constituído desde fins da década de 1970 no Brasil e possui especificidades e uma potência que são mundialmente reconhecidas. O campo da Antropologia se constituiu na Europa no século XIX e se reconstruiu no Brasil de forma diversificada, sendo a Antropologia da Saúde uma minoritária, mas vibrante expressão dele. Nesse contexto, múltiplas cartografias e etnografias contemporâneas emergiram, dando conta da riqueza e do teor crítico da produção participativa do conhecimento dentro e fora das instituições da saúde oficial. Desta forma, recebemos neste GT papers, relatos de experiência e pequenos filmes condensados sob a forma de exercícios práticos de tipo etnográfico e cartográfico. Com interesse genuíno no diálogo aberto entre disciplinas, pretendemos expandir a reflexão sobre as metodologias participativas em saúde para além das fronteiras disciplinares. 

 

GT 3“Direitos sexuais e reprodutivos em narrativas femininas: O meu corpo me pertence em sua miríade”. Coordenadoras: Rosamaria Carneiro (FCE/UnB) e Giovana Tempesta (DAN/UnB). Contato: giovana.tempesta@gmail.com  

Este GT busca agregar trabalhos que versem sobre os direitos sexuais e reprodutivos das mulheres, a partir de suas experiências de gestação, abortamento, parto e puerpério, expressas em narrativas e outras formas de agência, incluindo relatos de violência em seus variados matizes. Nesse sentido, se dispõe a refletir sobre o histórico slogan "o meu corpo me pertence" dos anos 80, mas em sua atualidade, contemplando investigações dedicadas a questões implicadas nas diferentes formas de viver a maternidade no Brasil e, eventualmente, em outros países. A ideia é reunir leituras contemporâneas das temáticas a partir de movimentos de mulheres, feminismos, relatos de experiência e etnografias que busquem refletir sobre tais temas à luz de contextos culturais e históricos diversos, urbanos e rurais, envoltos em percepções biomédicas ou associadas a saberes tradicionais, que explicitem diferentes contornos de subjetividade feminina, conjugalidade, sexualidade, corporalidade, arranjos familiares e interação com o Estado. 

 

GT 4“Negociando diagnósticos e prognósticos: interfaces da saúde, genética e epigenética”. Coordenadoras: Débora Allebrandt (UFAL), Ednalva M. Neves (UFPB) e Rosana Castro (UnB). Contato: debora.allebrandt@gmail.com 

Cada vez mais a saúde é pensada como um processo molecularizado. Seus diagnósticos e tratamentos têm sido pensados a partir do idioma da genética, com reflexos sobre as subjetividades e modos de vida na contemporaneidade. Esse GT recebe trabalhos que se propõem a discutir práticas de saúde que dialoguem com as diferentes roupagens e entendimentos que a genética e a epigenética podem receber/oferecer na negociação de diagnósticos e prognósticos. Buscamos reunir etnografias de práticas de saúde que enfoquem a tensão envolvendo, de um lado, a importância da ação e controle dos corpos para modificar ou criar situações de saúde mais favoráveis em casos de doenças crônicas como a hipertensão e o diabetes e, de outro lado, toma a informação de testes genéticos como anunciadores de certo destino. Nossa intenção é reunir pesquisadores em torno da reflexão antropológica acerca da molecularização da vida e do cotidiano, enfatizando os processos de interações entre sujeitos através dos/das: 1) discursos e práticas profissionais acerca dos adoecimentos genéticos; 2) classificações e definições a partir dos diagnósticos/prognósticos; 3) cuidados de si e subjetividades; 4) modos de vida e relações e familiares a partir de tais definições; 5) biossocialidades e ativismos; 6) políticas de saúde baseadas em evidências e conhecimentos genéticos. 

 

GT 5“Políticas públicas de saúde, direitos reprodutivos e desigualdades”. Coordenadores: Pedro Nascimento (UFPB); Rozeli Porto (UFRN); Rita de Cassia Neves (UFRN). Contato: rcmneves@yahoo.com.br  

Este GT busca reunir trabalhos que problematizem a forma como os cruzamentos entre políticas públicas e desigualdades, particularmente de gênero, classe, raça/etnia se apresentam no dia a dia do Sistema Único de Saúde (SUS). Os temas que abrangem essa proposta são amplos, mas gostaríamos de focar em investigações que levem em conta o marco da saúde reprodutiva e dos direitos reprodutivos, incluindo-se aí questões sobre a permanência de estereótipos de gênero, pressupostos sexistas e neomalthusianos no trato de temas ligados à reprodução, contracepção, sexualidades etc., os quais podem ser articulados transversalmente com a especificidade étnica ou de raça. O GT ainda tem como proposta identificar novas tendências de investigação destacando tanto os desafios teórico-metodológicos que incluem reflexão sobre o acesso a serviços e à implementação das políticas públicas, às experiências exitosas de trabalho, dentre outros, tais como os avanços e/ou retrocessos a serem enfrentados pelos estudos sobre o tema na contemporaneidade. Objetivamos, assim, reunir trabalhos desenvolvidos a partir de pesquisas qualitativas ou relatos de experiências que considerem a conexão entre o estabelecimento de diretrizes e políticas para o SUS associados ao seu desenvolvimento e implementação, levando em conta a forma como mediadores formais e informais dentre outros sujeitos específicos, vivenciam a implementação dessa política.  

 

GT 6“Jovens e saúde: desigualdades, diferenças, possibilidades”. Coordenadores: Breitner Tavares (UnB), Marcia Longhi (UFPB) e Mónica Franch (UFPB). Contato: btavares02@gmail.com 

Este GT se destina à apresentação e debate de pesquisas, intervenções e formulações propositivas que articulem questões de juventude e saúde na contemporaneidade. Historicamente, a relação dos jovens com o campo da saúde aponta para dois caminhos. Por um lado, os jovens têm sido representados a partir de figurações de valores que os sujeitam a experiências específicas de saúde, adoecimento e risco. Por outro lado, as práticas, estilos de vida e de consumo juvenis têm sido, com frequência, medicalizados, contribuindo para o controle social de suas expressões culturais e políticas.  Considerando as diferentes formas de representar e vivenciar os ciclos da vida em contextos marcados pela diversidade sociocultural, a proposta deste GT é compreender a articulação juventude/saúde em relação com marcadores sociais como gênero, classe, territórios, raça, entre outros. As temáticas que podem ser discutidas incluem questões de saúde sexual e reprodutiva (gravidez, aborto, contracepção), de saúde mental (depressão, suicídios), incluindo os chamados transtornos alimentares, e também questões relativas ao consumo de álcool e outras drogas. Além disso, sabe-se hoje que a violência na forma de homicídios é uma das principais causas de mortes não naturais entre jovens no País. Trabalhos que tratem desse tema transversal também serão benvindos.  

 

GT 7 “HIV/AIDS, hepatites virais e outras DSTs: pesquisas sócio-antropológicas e suas interfaces sobre políticas e ações em saúde”. Coordenadoras: Luziana Marques da Silva (UFPB), Ivia Maksud (Fiocruz), Larissa Polejack (UnB). Contato: luzianas@gmail.com  

Esse GT tem por objetivo pensar os caminhos que as pesquisas de abordagem qualitativa têm trilhado nas análises referentes às políticas de saúde e ações sobre o HIV e outras doenças sexualmente transmissíveis como a Sífilis, o HPV e as Hepatites Virais. Em tempos político e economicamente adversos, em que ameaças aos direitos sociais e ataques à saúde pública se traduzem, dentre outras em formas, em indagações sobre a Universalidade do acesso à saúde, a Antropologia da saúde, em interface com as análises das Ciências Sociais e Humanas em Saúde que têm sido produzidas em áreas como a Saúde Coletiva, tem se deparado com as ambigüidades na prevenção e tratamento às doenças sexualmente transmissíveis. De um lado, se expressa o caráter sociopolítico da biotecnologia com as inovações com testagens, prevenção e tratamentos, como nas profilaxias pré-exposição (PrEP) e pós-exposição (PEP) para o HIV, seja com o monopólio de patentes enquanto entrave ao acesso de medicamentos como no caso da Hepatite C –, e de outro, a apropriação do discurso das biotecnologias por diferentes atores sociais pensada como ampliação do leque de abordagens, mas do mesmo modo, sendo alvo de problematizações sobre as implicações de intervenções terapêuticas na vivência das pessoas e comunidades vulneráveis às doenças sexualmente transmissíveis. Este grupo de trabalho aglutinará trabalhos a partir de três eixos analíticos. É nosso interesse estimular a participação de pesquisadores que tenham como foco a atenção à saúde em serviços públicos e privados de saúde. Etnografias, estudos de caso, itinerários terapêuticos, trajetórias assistenciais e outras abordagens que se debrucem sobre aspectos da relação médico-paciente, processos de trabalho, aspectos institucionais, biopolítica entre outros. Outro domínio de interesse recai sobre as análises sócio-antropológicas das políticas de saúde, chamando atenção para análise da interação entre os variados atores que as constroem, bem como dessa agência com os campos a que dizem respeito. Por fim, pesquisas sócio-antropológicas e de áreas afins que investiguem o terreno das narrativas, subjetividades, moralidades, biosociabilidades produzidas na interface da vivência com doenças atravessadas pelos marcadores de gênero, sexualidade, cor/raça, idade e outros definidores de seu pertencimento social.  

 

GT 8“Pluralismo terapêutico na contemporaneidade”. Coordenadores: Carlos Caroso (UFSB), Fátima Tavares (UFBA), Octavio Bonet (UFRJ). Contato: fattavares@ufba.br 

A questão terapêutica na contemporaneidade compreende processos dinâmicos em que se intensificam a pluralidade de entrecruzamentos entre terapêuticas tradicionais e/ou populares, terapêuticas alternativas, terapêuticas religiosas no âmbito do espaço público. Processos de disseminação, resignificação e assimilação de práticas terapêuticas podem ser compreendidos em sua dinâmica rizomática, um sistema aberto que “subverte” o modelo “arbóreo” de estruturação das terapêuticas convencionais no âmbito dos sistemas de saúde. As heterodoxias terapêuticas atravessam o espaço público, e sem configurarem um sistema estruturado alternativo ao oficial, mobilizam novas conexões e imprimem dinamismo à paisagem terapêutica contemporânea. Do ponto de vista do sistema de saúde podemos pensar a disseminação dessas terapêuticas operando por “contágio” nos meandros das práticas “oficiais”, ora minando sua capacidade “subversiva”, ora gerando novos processos de legitimação terapêutica. O pluralismo terapêutico pode ser investigado em sua dimensão processual, isto é, como agenciamentos terapêuticos: nessa perspectiva as relações entre centro (biomedicina) e periferia (heterodoxias terapêuticas) ganham novos contornos e relativizando repartições dualistas entre tradição e modernidade, público e privado, saberes científicos e tradicionais, biomedicina e heterodoxia terapêutica. Assim, podemos acompanhar os agenciamentos terapêuticos “tradicionais” (indígenas, religiosos e outros) que podem atravessar espaços “modernos” e centrais na sociedade contemporânea, fazendo com que o pluralismo terapêutico esteja em muitos lugares. Enfim, a proposta desta Mesa de Trabalho é refletir sobre o pluralismo terapêutico, investigando possíveis afinidades entre a ideologia das terapêuticas e uma revalorização da dimensão “vivida” da experiência social 

GT 9“Autoetnografia, arte e corporalidades”. Coordenadoras: Anahí Guedes de Mello (UFSC), Camilla Rocha Campos (UCAM/UFRJ), Ella Vieira (Associação Transgênero de Sorocobada e Co.labor.ativa), Fabiene Gama (DAN/UnB). Contato: fabienegama@gmail.com 

Este GT interdisciplinar visa fornecer um espaço de experimentação criativa para exploração do poder de trabalhos que falem de si e foquem experiências na área da saúde e/ou as corporalidades. Partindo do gênero autoetnográfico, que conecta o pessoal ao cultural, tendo o corpo como mediador, a partir da exposição de um self vulnerável, o grupo privilegiará temas silenciados, invisibilizados ou pouco abordados nas discussões acadêmicas. Quem pode construir um self? Quem pode falar, qual jogo de visibilidade é possível? E refletirá sobre a potência do duplo vínculo “antropólogo(a)/nativo(a)” que pode caracterizar a prática autoetnográfica, marcada pela narração e  a experimentação como métodos de pesquisa. Nosso objetivo é reunir trabalhos que tratem de políticas públicas, saúde e/ou corporalidades dissidentes a partir de experiências pessoais e vieses artísticos. Acreditamos no poder reflexivo que pode surgir do encontro entre diversas experiências e buscaremos acolher práticas, produções e performances heterogêneas, especialmente aquelas que reflitam criticamente sobre os impactos da corponormatividade nas experiências de vida e produções de conhecimentos. Incentivamos calorosamente o envio de trabalhos que desafiem as normas e fronteiras hegemônicas, falem sobre o indizível, experimentem com formas, estruturas e conteúdos críticos e/ou subversivos. Desejamos ampliar o debate sobre temas sensíveis, noções de pessoa, instituições, políticas públicas e mesmo a Antropologia e a Arte como disciplina. 

 

GT 10“Antropologias e deficiências”.

Coordenadores: Luciana Lira (UFPE), Éverton Luís Pereira (DSC/UnB), Soraya Fleischer (DAN/UnB). Contato: ludelira@gmail.com 

É relativamente recente, na antropologia brasileira, a discussão sobre experiências e condições de deficiência. Esse GT pretende reforçar essa discussão, no sentido de reunir relatos de experiências, pequenos filmes e artigos que relatem e analisem o que é considerado deficiência, como é percebida e vivida a partir da primeira e da terceira pessoa e, se pertinente, de que modo é encaminhada e tratada. As explicações etiológicas e simbólicas para a deficiência, os atores envolvidos no cuidado e acompanhamento cotidiano, as lutas sociais e políticas para garantir sua visibilidade e acolhimento são todos temas de interesse aqui. Etnografias e pesquisas sobre deficiências em relação às epidemias recentes, às doenças e síndromes raras, aos acidentes, medicamentos e genética poderão aqui encontrar espaço para apresentação. As interfaces, nem sempre fáceis ou produtivas, com as iniciativas e definições do Estado e da Biomedicina são de particular importância também. Além disso, pretende-se considerar também como raça, gênero, sexualidade, geração e classe, por exemplo, perpassam as experiências da deficiência, dos cuidados a ela dirigidos e dos movimentos sociais que a representam.  

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